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Agenda de Dezembro

 


Cartazes das
Bienais
dos anos 50

Artistas ligados
 aos cursos de artes gráficas criados pelo
Instituto de Arte
Contemporânea do Masp - o IAC -  criam os primeiros Cartazes das Bienais
Heloísa Dallari

 

História das Bienais

A Vez dos Curadores
Na Parte 5 do ensaio
História das Bienais, a antropóloga Rita de Cássia Alves Oliveira mostra o surgimento da figura poderosa dos curadores das bienais.

 

Acre,
último seminário
da 27ª Biena
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As questões sociais dos
indígenas e seringueiros
foram a tônica do
Seminário Acre

 

No Centro Universitário
Maria Antonia
prepare-se para ouvir
John Cage

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León Ferrari

Da atividade artística para a ação política

               No final dos anos 60, quando acontece a Guerra do Vietnã e a América Latina é assolada por regimes ditatoriais, o artista participa da vanguarda portenha. Abandona a atividade artística pela ação política e passa a fazer uma arte engajada. “Mas a Guerra do Vietnã começou a fazer-se mais dura, com mais bombardeios, mais mortes, mais torturas... Então eu mudei completamente. Deixei de fazer arte abstrata, sem mensagem direta, e comecei a fazer arte política, embora não goste muito dessa definição”, fala León Ferrari na mesma entrevista.

               Colabora com o grupo Tucumán Arde em 1968. Tucumán Arde era um grupo que congregava sociólogos, pesquisadores e artistas de vanguarda que juntamente com o operariado propunha uma ação coletiva, tendo como objetivo pensar a realidade argentina. Utilizavam recursos publicitários e ações políticas organizadas. Quando o grupo se desfez, os artistas deixaram de lado suas atividades artísticas e passaram a dedicar-se somente à atividade política. Participa também de eventos de natureza política, como Di Tella, em 1965; Homenagem a Latinoamerica, em 1967 e  Malvenido Rockefeller, em 1969..
 
               Ferrari vive no Brasil como auto-exilado político de 1976 a 1984, onde retoma as esculturas abstratas. Paralelamente, desenvolve experiências com técnicas e suportes variados, desde a xérox até videotexto. Passa pela arte postal, pela heliografia, mantendo sua relação com a arquitetura através do uso de letraset, assim como pelas instalações sonoras e performances.

Retrospectiva no Centro Cultural Recoleta causa tumulto,
 quebra-quebra e vira caso de decisão judicial

               Já na Argentina, o artista realiza uma das mostras mais polêmicas de sua vida, no final de 2004, no Centro Cultural Recoleta, em Buenos Aires, ao fazer uma retrospectiva dos 50 anos de sua trajetória artística. Durante a apresentação dos  400 trabalhos da mostra a opinião pública mobilizou-se com manifestações controversas. A mostra provocou inúmeras manifestações favoráveis e contrárias à sua obra. Católicos radicais entraram na exposição e quebraram 10 obras que utilizavam imagens de santos, alegando serem atos de blasfêmia do artista. A exposição foi fechada após um mês de inauguração por decisão judicial. A medida, por sua vez gerou, protestos e manifestações de intelectuais e a exposição foi reaberta 10 dias depois.

               Abaixo, imagem do que restou de uma das obras quebradas na exposição. A instalação  fazia referência ao papel da Igreja na colonização da América.

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               As obras que incomodaram os católicos fazem parte dos trabalhos mais políticos do artista. A retrospectiva reuniu  colagens, assemblages e instalações, nas quais León Ferrari evidencia as relações entre a Igreja e o poder. Conforme afirma o artista, uma denúncia aos diferentes crimes, simbólicos ou concretos, cometidos pela instituição cristã, desde apologia à tortura e matança dos hereges (a Inquisição) até a aberta cumplicidade com os atos mais aberrantes da história ocidental, como o genocídio nazista e a ditadura militar argentina.

               O crítico e professor Teixeira Coelho, recém nomeado curador do Masp – Museu de Ate Assis Chateaubriand de São Paulo -, enfatiza a importância do artista: “No âmbito político e social, não consigo pensar em outro nome fundamental para a arte latino-americana. Ele não é o único, mas é o que faz com força e audácia muito grandes”. Ainda segundo Teixeira, com respeito à Bíblia ser o alvo de Ferrari, afirma: “Sua crítica não é gratuita. Ele é profundo conhecedor do assunto, aponta a insistência da Bíblia na violência, para ele o verdadeiro livro da perdição humana” (apud CLAUDIO, 2004).

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               A primeira incursão de León Ferrari no terreno anti-religioso, como se vê na foto acima, data de 1966, época da Guerra do Vietnã, quando coloca um Cristo, de aproximadamente dois metros, pregado, num caça F-107, avião de combate norte-americano. A obra chama-se “A Civilização Ocidental e Cristã”. É considerada peça-chave da arte política latino-americana e demonstra claramente seu protesto contra a Guerra do Vietnã , hoje caberia perfeitamente às guerras contra o Oriente Médio.

               Na retrospectiva do Centro Cultural Recoleta, esta obra é exposta e Ferrari, criticado, respondeu: “É possível que alguém me demonstre que isto não é arte; não teria nenhum problema, não mudaria de caminho, me limitaria a mudá-la denome: riscaria arte e a chamaria política, crítica corrosiva, qualquer coisa” (apud CLAUDIO, 2004).

               Para demonstrar a participação de artistas clássicos no sistema de opressão operado pelo cristianismo, iniciou em 1985, aqui, em São Paulo, quando se exilou da ditadura argentina, fez a série Juízo Final. No fundo de uma gaiola foram colocadas representações do juízo final dos pintores Giotto, Michelangelo, Tintoretto e Rubens, para serem cobertas por excrementos de pombos vivos.

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               Lembrando às pessoas a vista grossa que o Vaticano fez aos horrores
nazistas, Ferrari justapôs uma imagem do papa com sua capa vermelha sobre uma foto preto-e-branco de judeus exterminados, sob o título “Releitura da Bíblia” (1988).   Na série “Inferno” (2000), o artista colocou imagens de santos, da Virgem Maria e de Jesus em situações que lembram os tormentos do inferno, presentes nos textos bíblicos, em liquidificadores, microondas, tostadeiras, frigideiras, batedeiras, máquinas de moer carne.

 

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