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5 de fevereiro de 2007

Bons mestres,
bons cursos

Design, História Geral
e da Arte, Filosofia,
Política e Literatura.
Confira nossa agenda
de Fevereiro
s

Ascension no
Viaduto do Chá

s

Até agora, no Brasil, 500 mil pessoas já viram Ascension,
a coluna de fumaça.
Em São Paulo, 50 pessoas vêem a instalação no
Viaduto do Chá a cada hora.
s

Concursos de Design
dão prêmios em viagens.

s

Programa Cultural
da Caixa abre inscrições
s

 
Agenda de
Fevereiro /2007

 

 

Programas de férias
e de início de ano
trazem novidades

Os serviços educativos de museus e centros culturais estão a postos com a programação de férias: cursos de fotografia, de arte para professores, de pintura, de bijouterias, etc. CCSPMasp, Lasar Segall e Centro Augôsto-Augusta, já estão
recebendo inscrições para cursos que começam em março.

Confira na Agenda de Cursos e Palestras.

 

No CCSP,
83 fotógrafos de
São Paulo participam
da mostra
Fotojornalismo 2006 -
Fatos e Histórias
do Cotidiano

 

CCSP divulga
nomes dos
19 artistas selecionados
para o Programa de Exposições 2007

Dos 600 inscritos para o Programa de  Exposições do Centro Cultural São Paulo, 19 foram selecionados e devem realizar individuais no correr deste ano. O júri contou com a participação de Guto Lacaz, Paulo Climachauska, Maia Rosa, Martin Grossmann e Inês Raphaelian. Saiba quem são os escolhidos

 
Bienais de São Paulo:
o que há para ler II

s
Textos críticos de
Aracy Amaral e Mario Pedrosa ampliam
possibilidades de leitura
 sobre as bienais
de São Paulo

 

Território de Luz,
de Luiz Braga
mostra o cotidiano
popular da Amazônia


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Texto da curadora da mostra

ALMEIDA JUNIOR

Um Criador de Imaginários

Maria Cecília de França Lourenço*

 

                     A vida de José Ferraz de Almeida Júnior tem ocupado sensível parcela de estudiosos, ao lado das obras, constitutivas de acervos dos principais museus brasileiros. Inúmeras estão abrigadas na Pinacoteca do Estado de São Paulo (PESP), formando um entre os mais diferenciados e importantes conjuntos oitocentistas preservados de um único artista dessa magnitude pictórica. Tal predicado possivelmente colaborou para a escolha da retrospectiva do artista no Centenário de criação do museu, por iniciativa e na gestão de Marcelo Mattos Araújo na Pinacoteca do Estado.  

                    Fator diferencial na produção artística de Almeida Júnior, em grande parte acolhida pela Pinacoteca do Estado, é que se sensibiliza pelo cotidiano do povo, incluindo as crianças, o que induz a analisar a sua infância. em 1877, o escritor Tristão Mariano da Costa divulga, no Almanaque Literário de S. Paulo, os primeiros dados pitorescos: precocidade no desenho aos 5 anos, devoção à família associada à sorte na loteria, que lhe propicia comprar casa própria para os pais, como se espera de um dedicado filho. Enfatizam-se também prêmios na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, e a circunstância de ter chamado a atenção do imperador. 

                    Outras narrativas despontam acerca da infância do menino Jujiquinha, como se diz ser seu apelido, sempre duplicadas e ampliadas; em especial, nos enredos prevalecem os relatos romantizados divulgados por seu biógrafo Gastão Pereira da Silva – Almeida Júnior: sua vida, sua obra (1946). As primeiras palavras de seu livro direcionam-se para diálogos ficcionais em que a mãe do artista, Ana Cândida do Amaral Souza, adverte-o: “Deixa esse lápis, meu filho!” (Silva, 1946: 17). Segue, então, na construção do menino prodígio, relatando que, após solicitar o material, revela o desejo de pintar o retrato da mãe, assim completando o enredo meritório do bom filho. 

                    O mesmo autor aborda a figura do pai, que possuía “gosto pela pintura, dedicando-se mesmo a ela com certa insistência” (Silva, 1946: 20). A pesquisa em jornais de época documentou em parte tais dados, fornecendo elementos sobre o pai: José Ferraz de Almeida recebia modestos proventos públicos como fiscal da Câmara Municipal de Itu (O Ituano, 30 de março de 1873, p. 4), sendo também identificado como pintor em 3 de setembro de 1876, na lista geral de votantes da paróquia, organizada pela Junta Municipal ituana. 

                    O que está em jogo nessa e em outras narrativas sobre a vida do autor de Saudade (PESP, 1899) talvez seja a perplexidade ante a trajetória desse artista, que se torna o mais importante pintor paulista ao término do século XIX. Afinal, agrega uma série de fatores pouco propícios para justificar o êxito, pois nascera não na capital, mas no interior; não em família suficientemente posicionada para lançá-lo na capital do Império, sendo o pai um modesto funcionário público; não fora vencedor do primeiro prêmio que o capacitaria para estada na Europa, precisando novamente de mecenato; não se trata de um professor ligado ao Liceu de Artes e Ofícios paulista ou da Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, preferindo se dedicar ao ofício; não vivera uma longa existência, tendo falecido aos 49 anos. 

                    O ituano, ao cursar a então Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, conquista posição determinante para a disseminação de seu acervo e, por via de conseqüência, há obras ímpares em outras instituições. Mencione-se a casa que primeiro entendeu seu valor, o atual Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (MNBA), detentora da coleção abrigada na referida Academia, por expediente de aquisição, premiação e doação direta do artista; seus quadros totalizam aproximadamente 13% do conjunto de obras do artista no museu mais antigo de seu estado natal, a Pinacoteca do Estado de São Paulo. 

                    O debate político encontra-se muito vivo no momento em que Almeida Júnior cursa a Academia Imperial, a partir de 1869, havendo grande efervescência das idéias, particularmente republicanas. Recorde-se que, em 3 de dezembro de 1870, publica-se no jornal fluminense A República o célebre Manifesto Republicano, em que se enuncia oposição frontal ao Regime Imperial e a conseqüente centralização do poder, geradora de privilégios, como se consagrou. Entre os signatários encontram-se Joaquim Saldanha Marinho, ex-presidente de São Paulo, juntamente com Quintino Bocaiúva, Francisco Rangel Pestana e, pela província natal do artista, apenas dois estudantes de Medicina, Augusto César Miranda de Azevedo (Sorocaba) e Antônio de Sousa Campos, de Campinas (Leite, 1954: 186).  

                    Pessoas antigas de São Paulo repetiram muitas vezes que, como moço nascido na cidade berço da República, sentia-se muito desconfortável em receber bolsa do imperador, sendo republicano.  

                    Não menos significativa para despertar sobre o viver popular, a bravura e adesão às causas coletivas foi a sangrenta Guerra do Paraguai, desenvolvida na mocidade do artista, entre 1864-70. Também denominada Guerra da Tríplice Aliança, com argentinos e uruguaios, chama a atenção para a territorialidade, pois o Brasil Imperial levará grande contingente em combate no continente americano. Romances, telas, esculturas e poesias relatam e exaltam o ocorrido, cuja base heróica agrega o destemido povo, que se embrenha por questões de território.  

                    As ênfases se encontram em diferentes manifestações, incluindo romances como A retirada da laguna, de Alfredo d’Escragnolle Taunay (1843-1899), e também pinturas, como as celebrizadas pelos citados professores de Almeida Júnior. Mencionem-se obras reproduzidas inúmeras vezes em livros didáticos, pertencentes a acervos públicos, figurando uma interpretação exaltativa. Em especial, a Batalha de Campo Grande (Museu Imperial de Petrópolis, 1871) e a Batalha do Avaí (MNBA/RJ, 1877) de Pedro Américo, e, Passagem do Humaitá (1871) e Combate naval do Riachuelo (1883), de Vítor Meireles, ambas do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro. Em 1868, este último inclusive permanece por meses no próprio front, em atitude bem romântica, arriscando-se para melhor captar a essência e os detalhes da luta.

A EXPOSIÇÃO

                    A exposição de Almeida Júnior procura congregar obras desconhecidas do público em geral, seja por pertencerem a coleções particulares, seja por estarem distantes da fruição pública, embora pertencentes às principais instituições museais. O pressuposto curatorial busca apresentá-lo em chaves menos conhecidas, projetadas segundo os módulos deste ensaio. A metodologia expográfica vai ao encontro de exibir e confrontar opostos, de modo a evidenciar peculiaridades distintivas do artista. Deseja-se que a mostra incentive o espectador a também formular interpretações, daí se organizar as peças menos por cronologia, pois não há uma carreira linear, e mais por contraste, multiplicidade de soluções, formas e temas, que as caracterizam, atualizando para a realidade de nossos dias aspectos e questões ensejadas pelo fazer, como convém para a História. 

                    Almeida Júnior dialoga em suas telas com muitas dentre as questões de seu tempo, denunciando dilemas, conflitos e saídas, além de realizar tema regionalista, cenas religiosas e retratos, naquela São Paulo que dava as costas ao século XIX. A História e a institucionalização inaugural de sua produção artística consagraram-no como o introdutor do caipira, o que é inegável, porquanto gera uma linhagem de artistas retratando figuras populares sentadas em degraus e aproximadas como que flagradas por lentes fotográficas.  

 

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